terça-feira, 28 de julho de 2009

A necessidade que temos da intercessão de Nossa Senhora para nos salvarmos

“Gens et regnum, quod non servierit tibi, peribit” - “A gente e o reino que te não servir, perecerá” (Is. LX, 12).

I. Que a prática de invocar aos Santos, afim de nos alcançarem a divina graça, seja não somente lícita, mas também útil, é um ponto da fé. Entre os Santos, porém, que são amigos de Deus, e a Santíssima Virgem, que é Sua verdadeira Mãe, há esta diferença, que a intercessão de Maria não é só utilíssima, mas também moralmente necessária, de modo que o Bem-Aventurado Alberto Magno e São Boaventura chegam a afirmar que todos os que se descuidam da devoção a Nossa Senhora, não A servem, e consequentemente não são por ela protegidos, morrerão todos em pecado mortal e se condenarão: “A gente que te não servir, perecerá”. É esta, diz Soares, a opinião universal da Igreja. E com razão; porquanto, não sendo nós capazes de conceber um só bom pensamento em ordem à Vida Eterna, a graça divina nos é indispensável para a salvação.

Verdade é que só Jesus Cristo nos mereceu esta graça, por ser Medianeiro de justiça. Mas, para nos inspirar mais confiança de obtermos a graça, e ao mesmo tempo para exaltar Sua Mãe Santíssima, Jesus a depositou nas mãos de Maria, e, constituindo-a Medianeira de Graça, decretou que nenhuma graça fosse dispensada aos homens sem que passasse pelas mãos de Maria. Numa palavra, diz São Bernardo, Deus constituiu Nossa Senhora como que um “aqueduto” dos bens celestes que descem à terra, e determinou que por meio de Maria recebamos o Salvador que por Seu intermédio nos foi dado na Encarnação. Vede, pois, conclui o Santo, vede, ó homens, com que afecto de devoção quer o Senhor que honremos a nossa Rainha, refugiando-nos sempre a Ela e confiando em seu patrocínio!

II. Assim como Holofernes, para conquistar a cidade de Bethulia, ordenou que se cortassem os aquedutos, também o demónio faz quanto pode, afim de que as almas percam a devoção à Mãe de Deus. Pela experiência o espírito maligno sabe que, tapado este canal das graças, depois fácil ou, antes, certamente consegue conquista-las. Quantos cristãos estão agora no Inferno por se terem deixado iludir assim. Nós, portanto, demos graças à divina Mãe, por nos ter tomado debaixo de Seu santíssimo manto, como no-lo garantem as graças recebidas pela sua intercessão. Ao mesmo tempo, porém, examinemos se por ventura estamos resfriados na sua devoção, e renovemos nosso propósito de sermos para o futuro mais constantes.

Sim, eu Vos dou graças, ó minha Mãe amorosíssima, por todos os bens que tendes feito a este desgraçado réu do Inferno. Ó minha Rainha, de quantos perigos me tendes livrado! Quantas luzes e quantas misericórdias me tendes alcançado de Deus! Que grande bem, ou que grande honra recebestes de mim para Vos empenhardes tanto a meu favor? Foi só a Vossa bondade que a isso Vos moveu. Ah! Se eu pudesse dar por Vosso amor o sangue e a vida, ainda seria pouco, à vista da obrigação que Vos devo, pois que me livrastes da morte eterna e me fizestes recuperar, como espero, a graça divina; a Vós sou devedor de toda a minha felicidade.

Senhora minha amabilíssima, eu, miserável, não tenho que Vos dar senão os meus louvores e o meu amor. Ah, não desprezeis o afecto de um pobre pecador, abrasado em amor pela Vossa bondade. Se o meu coração é indigno de Vos amar, por estar imundo e cheio de afectos terrestres, Vós o podeis mudar: mudai-o, pois. Ah, minha Senhora prendei-me a meu Deus, e prendei-me de tal modo que nunca mais possa separar-me de Seu amor. Vós quereis que eu ame o Vosso Deus; e eu quero que me alcanceis este amor; fazei que o ame sempre e nada mais deseje.

Ó MARIA, CONCEBIDA SEM PECADO, ROGAI POR NÓS QUE RECORREMOS A VÓS!

Santo Afonso (“Meditações para todos os dias do ano”, Tomo III)

Fonte: http://www.saopiov.org/

Os falsos devotos e as falsas devoções à Santíssima Virgem

De Maria nunquam satis
"Sobre Maria jamais se dirá o bastante"

Segundo São Luís Maria Grignion de Monfort, são sete os falsos devotos de Maria Santíssima:

os devotos críticos;
os devotos escrupulosos;
os devotos exteriores;
os devotos presunçosos;
os devotos inconstantes;
os devotos hipócritas;
os devotos interesseiros.

1. OS DEVOTOS CRÍTICOS

Os devotos críticos são, em geral, sábios orgulhosos, espíritos fortes e presumidos, que têm no fundo uma certa devoção à Santíssima Virgem, mas que vivem criticando as práticas de devoção que a gente simples de boa – fé e santamente a esta boa Mãe, pelo facto de estas devoções não agradarem à sua culta fantasia. Põem em dúvida todos milagres e histórias narrados por autores dignos de fé, ou inseridos em crónicas de ordem religiosas, atestando as misericórdias e o poder da Santíssima Virgem. Repugna-lhes ver pessoas simples e humildes ajoelhadas diante de um altar ou de uma imagem da Virgem, às vezes no recanto de uma rua, rezando a Deus; chegam a acusá-las de idolatria, como se estivessem a adorar a pedra ou a madeira.


Dizem que, da sua parte, não apreciam essas devoções exteriores e que seu espírito não é tão fraco que vá dar fé a tantos contos e historietas que se atribuem à Santíssima Virgem. Quando alguém lhes repete os louvores admiráveis que os Santos Padres dão à Santíssima Virgem, respondem que são flores de retórica, ou exagero, que aqueles escritores eram oradores; ou dão, então, uma explicação má daquelas palavras.

Esta espécie de falsos devotos e orgulhosos e mundanos é muito para temer, e eles causam um mal infinito à devoção à Santíssima Virgem, dela afastando eficazmente o povo, sob pretexto de destruir-lhe os abusos.

2. OS DEVOTOS ESCRUPULOSOS

Os Devotos escrupulosos são aqueles que receiam desonrar o Filho, honrando a Mãe, e rebaixá-lo se a exaltarem demais. Não podem suportar que se repitam à Santíssima Virgem aqueles louvores justíssimos que lhe teceram os Santos Padres; não suportam sem desgosto que a multidão ajoelhada aos pés de Maria seja maior que ante o altar do Santíssimo Sacramento, como se fossem antagónicos, e como se os que rezam à Santíssima Virgem não rezassem a Jesus por meio dela. Não querem que se fale tão frequentemente da Santíssima Virgem, nem que se recorra tantas vezes a ela.

Algumas frases eles as repetem a cada momento: "Para que tantos terços, tantas confrarias e devoções exteriores à Santíssima Virgem? Vai nisso muito de ignorância! É fazer da religião uma palhaçada. Falai-me, sim, dos que são devotos de Jesus Cristo (e eles o nomeiam, muitas vezes sem se descobrir, digo-o entre parêntesis): cumpre recorrer a Jesus Cristo, pois é ele o nosso único medianeiro; é preciso pregar Jesus Cristo, isto sim que é sólido!"

Em certo sentido é verdade o que eles dizem. Mas, pela aplicação que lhe dão, é bem perigoso e constitui uma cilada subtil do maligno, sob o pretexto de um bem muito maior, pois nunca se há de honrar mais a Jesus Cristo, do que honrando a Santíssima Virgem, desde que a honra que se presta a Maria não tem outro fim que honrar mais perfeitamente a Jesus Cristo, e que só se vai a ela como ao caminho para atingir o termo que Jesus Cristo.

A Santa Igreja, como o Espírito Santo, bendiz primeiro a Santíssima Virgem e depois Jesus Cristo: “benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui Iesus”. Não porque a Santíssima Virgem seja mais ou igual a Jesus Cristo: seria uma heresia intolerável, mas porque, para mais perfeitamente bendizer Jesus Cristo, cumpre bendizer antes a Maria. Digamos, portanto, com todos os verdadeiros devotos de Maria, contra os seus falsos e escrupulosos devotos: Ó Maria, bendita sois vós entre todas as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus!

3. OS DEVOTOS EXTERIORES

Devotos exteriores são as pessoas que fazem consistir toda a devoção à Santíssima Virgem em práticas exteriores; que só tomam interesse pela exterioridade da devoção à Santíssima Virgem, por não terem espírito interior; recitarão às pressas uma enfiada de terços, ouvirão, sem atenção, uma infinidade de missas, acompanharão as procissões sem devoção, farão parte de todas as confrarias sem emendar de vida, sem violentar as suas paixões, sem imitar as virtudes desta Virgem Santíssima. Amam apenas o que há de sensível na devoção, sem interesse pela parte sólida.


Se as suas práticas não lhes afectam a sensibilidade, acham que não há nada mais a fazer, ficam desorientados, ou fazem tudo desordenadamente. O mundo está cheio dessa espécie de devotos exteriores e não há gente que mais critique as pessoas de oração que se dedicam à devoção interior sem desprezar o exterior de modéstia, que acompanha sempre a verdadeira devoção.

4. OS DEVOTOS PRESUNÇOSOS

Os devotos presunçosos são pecadores abandonados às suas paixões, ou amantes do mundo, que debaixo do belo nome de cristãos e devotos da Santíssima Virgem, escondem ou o orgulho, ou a avareza, ou a impureza, ou a blasfémia, ou a maledicência, ou a injustiça, etc.; que dormem placidamente em seus maus hábitos, sem se esforçarem muito para se corrigir, alegando que são devotos da Virgem; que prometem a si mesmos que Deus lhes perdoará, que não serão condenados porque recitam o terço, jejuam aos sábados, pertencem à confraria do santo Rosário ou do Escapulário, ou a alguma congregação; porque trazem consigo o pequeno hábito ou a cadeiazinha da Santíssima Virgem, etc.

Quando alguém lhes diz que sua devoção não é mais que ilusão e uma presunção perniciosa capaz de perdê-los, recusam-se a crer; dizem que Deus é bom e misericordioso e que não nos criou para nos condenar; que não há homem que não peque; que eles não hão de morrer sem confissão; que um bom peccavi à hora da morte basta; de mais a mais que eles são devotos da santíssima Virgem, cujo escapulário usam; e em cuja honra dizem, todos os dias, irrepreensivelmente e sem vaidade (isto é, com fidelidade e humildade) sete Pai-Nosso e sete Ave-Maria; que recitam mesmo, uma vez ou outra, o terço e o ofício da santíssima Virgem; que jejuam, etc.


Para confirmar o que dizem e mais aumentar a própria cegueira, relembram umas histórias que leram ou ouviram, verdadeiras ou falsas não importa, em que se afirma que pessoas mortas em pecado mortal, sem confissão, só pelo fato de que em vida tinham feito algumas orações ou práticas de devoção à Santíssima Virgem, ressuscitaram para se confessar, ou que a sua alma permaneceu milagrosamente no corpo até se confessarem, ou ainda, que pela misericórdia da Santíssima Virgem, obtiveram de Deus, na hora da morte, a contrição e perdão de seus pecados, e se salvaram. Eles esperam, portanto, a mesma coisa.

Não há, no Cristianismo, coisa tão condenável como essa presunção diabólica; pois será possível dizer verdadeiramente que se ama e honra a Santíssima Virgem, quando, pelos pecados, se fere, se trespassa, se crucifica e ultraja impiedosamente a Jesus Cristo, seu Filho? Se Maria considerasse uma lei salvar essa espécie de gente, ela autorizaria um crime, ajudaria a crucificar e injuriar seu próprio Filho. Quem o ousaria pensar?

Digo que abusar assim da devoção a Santíssima Virgem, a mais santa e a mais sólida depois da devoção a Nosso Senhor e ao Santíssimo Sacramento, é cometer um horrível sacrilégio, o maior e o menos perdoável, depois do sacrilégio duma comunhão indigna.

Confesso que, para ser alguém verdadeiramente devoto da Santíssima Virgem, não é absolutamente necessário ser santo ao ponto de evitar todo pecado, conquanto seja este o ideal; mas é preciso ao menos ( note-se bem o que vou dizer):

- Em primeiro lugar, estar com a resolução sincera de evitar ao menos todo pecado mortal, que ofende tanto a Mãe como o Filho.
- Segundo, fazer violência a si mesmo para evitar o pecado.
- Terceiro, filiar-se a confrarias, rezar o terço, o santo rosário ou outras orações, jejuar, etc.

Isto é maravilhosamente útil à conversão de um pecador, mesmo empedernido; e se o meu leitor estiver nestas condições, como que tenha já um pé no abismo, eu lho aconselho, contanto, porém, que só pratique estas boas obras na intenção de, pela intercessão da Santíssima Virgem, obter de Deus a graça da contrição e do perdão dos pecados, e de vencer os seus maus hábitos, e não para continuar calmamente no estado de pecado, a despeito dos remorsos de consciência, do exemplo de Jesus Cristo e dos santos, e das máximas do Santo Evangelho.

5. OS DEVOTOS INCONSTANTES

Devotos inconstantes são aqueles que são devotos da Santíssima Virgem periodicamente, por intervalos e por capricho: hoje são fervorosos, amanhã, tíbios; agora mostram-se prontos a tudo empreender em serviço de Maria e logo após já não parecem os mesmos. Abraçam logo todas as devoções à Santíssima Virgem, ingressam em todas as suas confrarias, e em pouco tempo já nem observam as regras com fidelidade; mudam como a lua, e Maria os esmaga sob seus pés como faz ao crescente, pois eles são volúveis e indignos de ser contados entre os servidores desta Virgem fiel, que têm a fidelidade e a constância por herança. Vale mais não sobrecarregar de tantas orações e práticas de devoção, e fazer poucas com amor e fidelidade, a despeito do mundo, do demónio e da carne.

6. OS DEVOTOS HIPÓCRITAS

Há também falsos devotos da Santíssima Virgem, os devotos hipócritas, que cobrem seus pecados e maus hábitos com o manto desta Virgem fiel, a fim de passarem aos olhos do mundo por aquilo que não são.

7. OS DEVOTOS INTERESSEIROS

Há ainda os devotos interesseiros, que só recorrem à Santíssima Virgem para ganhar algu processo, para evitar algum perigo, para se curar de alguma doença, ou em qualquer necessidade desse género, sem o que a esqueceriam; uns e outros são falsos devotos que não têm aceitação diante de Deus e de sua Mãe Santíssima.

Cuidemos, portanto, de não pertencer ao número dos devotos críticos que em coisa alguma crêem e de tudo criticam; dos devotos escrupulosos que receiam ser demasiadamente devotos a Jesus Cristo; dos devotos exteriores que fazem consistir toda a sua devoção em práticas exteriores; dos devotos presunçosos, que, sob o pretexto de sua falsa devoção continuam marasmados em seus pecados; dos devotos inconstantes que, por leviandade, variam suas práticas de devoção, ou as abandonam completamente à menor tentação; dos devotos hipócritas que se metem em confrarias e ostentam as insígnias da Santíssima Virgem a fim de passar por bons; e enfim, dos devotos interesseiros, que só recorrem à Santíssima Virgem para se livrarem dos males do corpo ou obter bens temporais.

(São Luís Maria Grignion de Monfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem)
Fonte: http://portalcot.com/reporter/os-falsos-devotos-e-as-falsas-devocoes-a-santissima-virgem/

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Contra a Gripe A...

... Comunhão na mão?


AS ORIENTAÇÕES DA PASTORAL DA SAÚDE SOBRE A GRIPE A

Estamos perante a ameaça de uma "pandemia" através de uma doença que se transmite com muita facilidade e já é de todos nós conhecida. É a GRIPE A ou GRIPE H1N1.

A missão da Igreja, através da Pastoral da Saúde, está em assistir os doentes, mas também em prevenir as doenças, através da educação para a saúde.

O papel do sacerdote e de todos os outros agentes pastorais consiste também em colaborar com a sociedade na prevenção das doenças. O sacerdote, sobretudo se presidir a uma comunidade cristã, é um agente social da maior importância (...)

Perante a ameaça da GRIPE A, o que fazer?

1. Aconselhar todos os cristãos da sua comunidade a seguirem as orientações dadas pelo Ministério da Saúde na prevenção desta doença, tais como:

- Lavar as mãos com água e sabão com muita frequência.

- Se tossir ou espirrar, cobrir a boca e o nariz com um lenço de papel e jogá-lo fora de imediato.

- Se ficar doente, permanecer em casa.

- Evitar o contacto com pessoas com gripe.

2. Nas celebrações litúrgicas, recomenda-se:

- Aos Ministros da Comunhão, Sacerdotes e Ministros Extraordinários, que purifiquem as mãos com solução anti-séptica, antes da distribuição da comunhão.

- Aos fiéis, sempre que possível, recebam a Comunhão na mão e não na boca, aliás segundo prática secular na Igreja.

- A todos, que reduzam o abraço da paz a um pequeno sinal ou inclinação da cabeça sem o contacto físico.

3. Nos templos pede-se também para:

- Manter vazias as "pias de água benta" às portas da igreja, para não as tornar um foco de transmissão do vírus.

- Ter a Igreja suficientemente arejada, sobretudo em atenção ao número de fiéis nas celebrações dominicais.

Deve evitar-se todo o alarmismo, mas é da maior necessidade que a Igreja colabore nos programas de prevenção da Gripe A.

NOTA: Estas orientações não são normas litúrgicas, são sugestões suficientemente claras para prevenir desde já a expansão da pandemia. É um conselho útil e provisório para o tempo de difusão da Gripe A.

*

Em comunicado, o Cardeal Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo refere que compreende que "a Comissão Nacional da Pastoral da Saúde queira colaborar, dando conselhos e orientações úteis para a colaboração dos cristãos no esforço nacional de prevenção. Mas não lhe compete alterar ritos nem dar normas de alterações das regras da Liturgia. (...) [3] No momento actual do processo, considero não haver ainda necessidade de alterar regras litúrgicas e modos de celebrar. A Liturgia se for celebrada com qualidade e rigor, garante, ela própria, os cuidados necessários. É o caso, por exemplo, da saudação da paz que se for feita com a qualidade litúrgica, não constitui, normalmente, um risco acrescido.

[4] Na actual disciplina litúrgica, os fiéis podem optar por receber a sagrada comunhão na mão. Mas não podem ser forçados a fazê-lo. Se houver cuidado do ministro que distribui a comunhão e de quem a recebe, mais uma vez fazendo as coisas com dignidade, a comunhão pode ser distribuída na boca sem haver contacto físico."

Muito bem falou, a meu ver, o Cardeal Dom José. Primeiro porque, na verdade, não compete nem à Comissão para a Pastoral da Saúde, nem a nenhum sacerdote, nem ao próprio Cardeal alterar os ritos nem as regras de Liturgia. Quando alguém se lembra de tal proeza, podemos assistir (infelizmente com demasiada frequência) aos tremendos e medonhos abusos litúrgicos.

Muita razão tem o mesmo Cardeal quando diz que a Liturgia, se celebrada com qualidade e rigor, garante ela própria segurança neste aspecto.

(Estas são as minhas opiniões, obviamente...)

Em relação às orientações da Pastoral para a Saúde, o primeiro ponto são medidas universais que devem ser tomadas por todos. Sem discussão, como é óbvio.

Quanto ao ponto dois, directamente relacionado com as celebrações litúrgicas, são, a meu ver, sugeridas medidas que, como diz o Sr. Cardeal, seriam desnecessárias, se a Liturgia for celebrada com o rigor que deveria.

- A lavagem das mãos com solução anti-séptica antes da Comunhão é uma boa medida;

- Quanto à sugestão estapafúrdia de distribuir a Sagrada Comunhão na mão... Não percebo!!

Primeiro, por questões óbvias, esta prática é sacrílega, já que nada de impuro e sujo (como são as nossas mãos) devia tocar no Corpo Santíssimo do próprio Deus - excepto as do sacerdote, que age na pessoa de Cristo.

Em relação à transmissão do vírus...

... o sacerdote, ao dar a comunhão na boca, vai depositar a Sagrada Hóstia na língua e não tem de tocar nos lábios nem na língua de quem vai receber a Comunhão. Já ao distribuir a Comunhão na mão, o Sacerdote quase que necessariamente toca na mão de quem comunga, a não ser que "atire pelo ar" ou deixe cair o Corpo Sagrado de Cristo na mão. Sabemos que as mãos são um dos principais veículos de transmissão de vírus. Daí se pedir às pessoas com gripe para limparem as maçanetas das portas, não se cumprimentarem apertando a mão, nem se recomenda o beijo (mais por causa da transmissão pela via aérea do que propriamente com o contacto físico directo). O vírus é mais facilmente propagado pela tosse e/ou espirro, mas previne-se em grande parte o contágio com a lavagem correcta das mãos.

Agora vejamos o que, normalmente, se faz com as mãos, só desde que chegamos à Igreja:

- Eventual abrir de porta;
- Ajoelhar e muitas vezes apoiar as mãos no banco para ajudar a erguer;
-Utilizar panfletos, livros de cãnticos, etc, já utilizados por outras tantas mãos;
- Mexer em dinheiro para o momento do Ofertório;
- Saudar as pessoas ao lado com apertos de mãos;
-...

E depois de tudo isto, vamos tocar n'Aquilo que de mais Sagrado existe na Terra? No Corpo do próprio Deus? Já para não falar na quantidade de microorganismos que ficaram nas nossas mãos durante estes gestos e que podem passar facilmente das mãos do comungante para as mãos do sacerdote... E o sacerdote tem muito mais probabilidades de tocar com a mão dele na mão de quem comunga do que nos lábios ou língua dessa pessoa...

Estou em alerta para a Gripe A. Mas não vai ser por causa disso que vou cometer o nauseante e sacrílego acto de receber Nosso Senhor nas minhas mãos imundas. Nunca o fiz, nunca o farei. As minhas mãos podem estar desinfectadas, esterilizadas, etc...mas não são consagradas, como as do sacerdote, logo não poderão nunca tocar no Corpo Santíssimo do Senhor. E se for obrigatória, um dia, a comunhão na mão, eu recuso-me a comungar. Faço uma Comunhão espiritual. Em consciência, prefiro não receber Jesus Sacramentado a tocar com as minhas mãos no Santíssimo Corpo de Deus.

Muito maltratado já é o Corpo Santíssimo de Jesus, que é distribuído em muitas Missas como se de pão se tratasse. E eu, seja pela gripe, seja pelo que for, não vou contribuir para o aumento desse sacrilégio.

domingo, 26 de julho de 2009

O Santo Rosário de Nossa Senhora

Regina Sacratissimi Rosarii, ora pro nobis!


O Rosário é uma oração cuja origem se perde nos tempos. A tradição diz que foi revelado a S. Domingos de Gusmão (1170-1221), numa aparição de Nossa Senhora, quando ele se preparava para enfrentar a heresia albigense.

Os franciscanos e dominicanos estavam a introduzir um novo tipo de ordem religiosa no século XII, em alternativa aos antigos monges, sobretudo Beneditinos e Agostinhos. Estes, nos seus mosteiros, rezavam todos os dias os 150 salmos do Saltério. Mas os mendicantes não o podiam fazer, não só por causa da sua pobreza e estilo de vida, mas também porque em grande parte eram analfabetos. Assim nasceu, nos dominicanos, o Rosário, o “saltério de Nossa Senhora”, o “Breviário dos simples", a "Bíblia dos pobres”, com 150 Ave-Marias.

Já desde o século IV se usava a saudação do arcanjo S. Gabriel (Lc 1, 28) como forma de oração, mas só no século VII ela aparece na liturgia da festa da Anunciação como antífona do Ofertório.

"Ave Maria, Cheia de graça. O Senhor é conVosco! Bendita sois Vós entre as mulheres"

No século XII, precisamente com o Rosário, juntam-se as duas saudações a Maria, a de S. Gabriel e a de S. Isabel (Lc 1, 42), tornando-se uma forma habitual de rezar.

"Bendito é o fruto do Vosso ventre!"

Em 1262 o Papa Urbano IV (papa de 1261-1264) acrescenta-lhes a palavra “Jesus” no fim, criando assim a primeira parte da nossa Ave Maria. Só no século XV se acrescenta a segunda parte de súplica, tirada de uma antífona medieval. Esta fórmula, que é a actual, torna-se oficial com o Papa Pio V (1566-1572).

"Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte. Ámen."

Grande reformador no espírito do Concílio de Trento (1545-1563), S. Pio V é o responsável pela publicação do Catecismo, Missal e Breviário Romanos surgidos do Concílio, que renovam toda a vida a Igreja. Foi precisamente no Breviário Romano, em 1568, que a oração "Ave-Maria" aparece pela primeira vez na oração oficial da Igreja.

O contributo de S. Pio V, um antigo dominicano, para a história do Rosário não se fica por aqui. O grande reformador criou também o último grande momento da antiga Cristandade, a unidade dos reinos cristãos à volta do Papa. Os turcos otomanos, depois do cerco e queda de Constantinopla em 1453, o fim oficial da Idade Média, e das conquistas de Suleiman, o Magnífico (1494-1566, sultão desde 1520), estavam às portas da Europa. Dividida nas terríveis guerras entre católicos e protestantes, a velha Europa não estava em condições de resistir. O perigo era enorme. Além de apelar às nações católicas para defender a Cristandade, o Papa estabeleceu que o Santo Rosário fosse rezado por todos os cristãos, pedindo a ajuda da Mãe de Deus, nessa hora decisiva. Em resposta, houve um intenso movimento de oração por toda a Europa.

Finalmente, a 7 de Outubro de 1571 a frota ocidental, comandada por D. João de Áustria (1545-1578), teve uma retumbante vitória na batalha naval de Lepanto, ao largo da Grécia. Conta-se que nesse mesmo dia, a meio de uma reunião com os cardeais, o Papa levantou-se, abriu a janela e disse “Interrompamos o nosso trabalho; a nossa grande tarefa neste momento é a de agradecer a Deus pela vitória que ele acabou de dar ao exército cristão”. A ameaça fora vencida. Este foi o último grande feito da Cristandade. Mas o Papa sabia bem quem tinha ganho a batalha. Para louvar a Virgem Vitoriosa, ele instituiu a festa litúrgica de acção de graças a Nossa Senhora das Vitórias no primeiro domingo de Outubro.

Hoje ainda se celebra essa festa, com o nome de Nossa Senhora do Rosário, no memorável dia de 7 de Outubro.

A partir de então, o Rosário aparece em múltiplos momentos da vida da Igreja:

- No fresco do Juízo Final, pintado por Miguel Ângelo (1475-1564) na Capela Sistina do Vaticano de 1536 a 1541, estão representadas duas almas a serem puxada para o céu por um Terço. São as almas de um africano e de um asiático, mostrando a universalidade missionária da oração.

- A 12 de Outubro de 1717, foi retirada do rio Paraíba uma imagem de Nossa Senhora com um Terço ao pescoço por três humildes pescadores, Domingos Martins Garcia, João Alves e Felipe Pedroso, em Guaratinguetá, São Paulo. Essa estátua, de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi declarada em 1929 Rainha e Padroeira do Brasil.

- A Imaculada Conceição rezou partes do Terço com Santa Bernadete Soubirous (1844-1879) nas aparições de Lourdes em 1858.

- O Papa Leão XIII “Papa do Rosário”, como lhe chama a recente Carta Apostólica do Papa (n.º 8) dedicou mais de 20 documentos só ao estudo desta oração, incluindo 11 encíclicas.

Também o Beato Bártolo Longo (1841-1926) é um os grandes divulgadores do Rosário, como o refere a recente Carta Apostólica (n.º 8, 15, 16, 36, 43). Antigo ateu, espírita e sacerdote satânico, depois da sua conversão viu na intercessão de Nossa Senhora a sua única hipótese de salvação. Sendo advogado, em 1872 deslocou-se à região de Pompéia por motivos profissionais e ficou chocado com a pobreza, ignorância, superstição e imoralidade dos habitantes dos pântanos. Entregou-se a eles para o resto da vida. Arranjou um quadro da Senhora do Rosário, que fez vários milagres e criou em 1873 a festa anual do Rosário, com música, corridas, fogo de artifício. Construiu uma igreja para essa imagem, que se veio a tornar no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Pompéia. Fundou uma congregação de freiras dominicanas para educar os órfãos da cidade, escreveu livros sobre o Rosário e divulgou a devoção dos «Quinze Sábados» de meditação dos mistérios.

- Outro grande momento da divulgação do Terço é, sem dúvida, Fátima.

“Rezem o Terço todos os dias”, foi a única coisa que a Senhora referiu em todas as suas seis aparições. A frase repete-se sucessivamente, quase como uma ladainha, manifestando bem a sua urgência e importância. Na carta do Dr. Carlos de Azevedo Mendes, num dos primeiros documentos escritos sobre Fátima, afirma-se “Como te disse examinei, ou antes, interroguei os três em separado. Todos dizem o mesmo sem a mais pequena alteração. A base principal que de tudo, o que me dizem, deduzi é «que a aparição quer que se espalhe a devoção do Terço»” .

Fonte: : http://www.catequisar.com.br/texto/materia/especial/rosario/08.htm

O Terço possui três Mistérios (Gozosos, Dolorosos e Gloriosos)

MISTÉRIOS GOZOSOS (Segundas, Quintas-feiras e Sábados)

1. A Anunciação do Anjo a Nossa Senhora e a Encarnação do Filho de Deus.

2. A Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel.

3. O nascimento de Jesus em Belém.

4. A Apresentação do Senhor Jesus no templo e a purificação de Nossa Senhora.

5. A Perda do Menino Jesus e o encontro no templo.


MISTÉRIOS DOLOROSOS (Terças e sextas-feiras)

1. A agonia de Jesus nos Jardim das Oliveiras.

2. A Flagelação do Senhor preso à coluna.

3. A Coroação de espinhos de Jesus.

4. O Caminho do Calvário carregando a Cruz.

5. A Crucificação e Morte de Nosso Senhor.


MISTÉRIOS GLORIOSOS (Quartas-feiras e Domingos)

1. A Ressurreição do Senhor.

2. A Ascensão de Jesus ao Céu.

3. A descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os Apóstolos reunidos no Cenáculo.

4. A Assunção de Nossa Senhora aos Céus.

5. A Coroação da Santíssima Virgem como Rainha dos homens e dos Anjos.


Recentemente, o Papa João Paulo II introduziu os Mistérios Luminosos do Rosário (que, pessoalmente, não costumo rezar). Assim, às Quintas-feiras, meditam-se nestes mistérios:

1. O Baptismo de Jesus no Rio Jordão.

2. A auto-revelação nas bodas de Caná.

3. O anúncio do Reino de Deus e o convite à conversão.

4. A Transfiguração de Nosso Senhor.

5. A Instituição da Eucaristia.


Enfim, como não recorrermos a um tão poderoso meio de salvação eterna e vencedor de batalhas contra os inimigos físicos e espirituais...?

Como diz alguém.... "Eucaristia e Rosário, sempre!" (Ana Maria Nunes, do blog "Sucessão A Apostólica")

Afinal, e segundo Dom Bosco, é a estas colunas que a Igreja tem de estar acorrentada: à devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento da Eucaristia.